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EM SP, SPTrans vai adaptar rede elétrica para carregar ônibus, mas em SJC prefeito diz que 120 carregadores darão conta e que população não corre risco de apagão

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EM SP, SPTrans vai adaptar rede elétrica para carregar ônibus, mas em SJC prefeito diz que 120 carregadores darão conta e que população não corre risco de apagão. O Vale 360 News disparou o alerta de que pode haver riscos de a população ficar sem energia elétrica na cidade a partir da implementação da frota de ônibus elétrico no fim de 2024, caso nada seja feito para mudar a alimentação elétrica das garagens. CLIQUE AQUI E ENTRE NO NOSSO CANAL DO WHATSAPP

O alerta da reportagem foi feito com base em estudos da ANTP (Agência Nacional de Transporte Público), o qual a reportagem enviou ao prefeito para que ele tenha ciência, mas o mesmo preferiu usar as redes sociais para dizer que o Vale 360 News faz sensacionalismo. Nas redes sociais, Anderson Farias (PSD) usa vários argumentos desconexos. Por exemplo, compara o uso de chuveiro elétrico com carregamento de veículo elétrico, que são coisas completamente distintas.

Ele ainda cita que o carregamento de 12 veículos da Linha Verde não traz impacto à população. Neste aspecto, o prefeito tem razão, mas como parece não ter lido o estudo da ANTP, compara alhos com bugalhos. O estudo diz que existe o suporte da rede de média tensão para carregar de 20 a 30 veículos elétricos do tipo utilizado na Linha Verde (articulado) é suficente. Caso haja um número superior a este sendo carregado de forma simultânea há a necessidade de criação de subestação de alta tensão nas garagens. O mesmo acontece com veículos do tipo Padron, o mais comum. Caso haja o carregamento de 50 ou mais carros de forma simultânea será necessário a adaptação da rede, sob o risco de apagão em diversos bairros da cidade.

Em nota ao portal Diário do Transporte, a SPTrans mostra lucidez com tema tão delicado e que pode mexer com a qualidade de vida da população. Eis a nota da SPTrans ao referido site: “A SPTans informa que o pleno de eletrificação da frota prevê que a recarga dos veículos seja feita durante a madrugada, quando há maior ociosidade na utilização da rede de distribuição de energia elétrica. Atualmente demanda de energia para a recarga da frota está dentro do limite previsto pela Aneel para os circuitos de média tensão que estão instalados na cidade.

Com a evolução do projeto de substituição da frota diesel por ônibus elétricos, será necessária a utilização de circuitos de alta tensão, como ocorre atualmente
nas linhas do sistema metroferroviário. Essa medida irá conferir maior disponibilidade de energia e confiabilidade de fornecimento para as garagens, colocando esse sistema de alimentação no mesmo patamar de segurança dos sistemas que suprem o transporte sobre trilhos.

A SPTrans tem contato direto com a Enel e desde o início dos estudos para a implantação da frota piloto de ônibus a baterias, a concessionária de energia vem participando de reuniões com as empresas e órgãos envolvidos. O objetivo dos encontros é tratar da implantação em escala do projeto de substituição da frota diesel por ônibus elétricos. Assim, aEnel possui conhecimento do plano de eletrificação da frota de ônibus da cidade.

A substituição da matriz energética da frota é prevista pela Lei de Mudanças Climáticas sendo essencial para reduzir a emissão de poluentes e melhorar a qualidade do ar e de vida do paulistano”.

2023 11 18 09h37 41

A reportagem do Vale 360 News solicitou ao prefeito que ele pudesse se manifestar à reportagem e debater o estudo, porém a resposta foi o silêncio sepulcral. O Vale 360 News também questionou a assessoria de imprensa da prefeitura a respeito do estudo, mas nem Urbam e muito menos Secretaria de Mobilidade Urbana se manifestaram a respeito de tema tão relevante para o joseense.

A EDP, concessionária de energia elétrica, que faz o abastecimento em São José dos Campos, disse que está à disposição da Prefeitura para orientações e tratativas quanto ao tema. Veja nota enviada à redação: “A EDP informa que que acompanha o caso e se colocou à disposição da Prefeitura Municipal de São José dos Campos para orientação e tratativas”.

O que diz o estudo

Estudo da ANTP (Agência Nacional de Transportes Públicos), de outubro de 2023, aponta para a necessidade de adequações das redes de distribuição de energia elétrica nos bairros para que não falte luz na casa das pessoas que moram perto das garagens. As repercussões a respeito da eletrificação do transporte são amplamente discutidas no site especializado Portal Diário do Transporte.

Intitulado “Custos dos Serviços de Transporte Público por Ônibus Elétrico – Metodologia de Cálculo e Parâmetros”, o trabalho foi conduzido pelo professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Fernando Fleury Filho, e pelo Engenheiro Civil/Escola Politécnica/USP, Mestre em Transportes/UNICAMP e Consultor de Transporte, Rodrigo Eduardo Dias Verroni.

“Enquanto para o ônibus a diesel o abastecimento é de tecnologia bem definida e largamente experimentada (bomba de combustível), cujo carregamento é muito rápido, os equipamentos de carregamento de veículos elétricos ainda estão em fase de amadurecimento tecnológico. A infraestrutura elétrica necessária para suportar o carregamento de baterias constitui um item de grande importância e difícil padronização. A depender da capacidade dos carregadores instalados e do número de veículos que estarão em processo de recarga de forma simultânea, a reforma dos sistemas elétricos poderão implicar a implantação de subestações de média capacidade que demandarão autorizações específicas, projetos particularizados, análise da rede de transmissão,
além dos custos dos equipamentos em si”, diz o documento.

Ao Podcast do Transporte, Fleury Filho disse que a transição deve ser feita “de forma gradual e entendendo os próprios limites sobre a eletrificação da frota. Limites que por um lado vem exatamente da criação de uma margem de segurança para que os serviços possam ser sempre prestados com a qualidade necessária. Limites estabelecidos sobre a própria capacidade de geração e distribuição de energia, para que a gente evite riscos de desabastecimento pela forte demanda que uma eletrificação representaria para toda a capacidade de produzir e distribuir energia. Essa foi, infelizmente, uma aprendizagem na prática sobre uma das vertentes, mas que de certa forma alerta para o todo. A gente tem que planejar com muita cautela essa transição”, disse Fleury.

Segundo o especialista, a preocupação não pode ser confundida com ser contra ônibus elétricos, mas é acima de tudo preparar as cidades para que uma boa solução ambiental (mesmo não sendo a única), que é a eletrificação da frota do transporte coletivo, não seja prejudicada porque questões básicas não foram resolvidas.

O que diz os fabricantes dos veículos

A realidade sobre o carregamento dos veículos elétricos foi apontada durante o Eletric Day, evento na Fábrica da Mercedez-Benz, em São Bernardo do Campo, na segunda-feira (13/11). Precisamente, o exemplo citado pelos executivos da fabricante alemã foi a cidade de São Paulo, cuja infraestrutura energética não comporta o carregamento de 50 veículos do tipo padron ou articulados de forma simultânea em uma mesma garagem. CLIQUE AQUI E ENTRE NO NOSSO CANAL DO WHATSAPP

Wlater Barbosa, diretor de vendas e marketing da Mercedez-Benz foi entrevistado pelo portal Diário do Transporte e fez observações pertinentes e que se encaixam no modelo de mobilidade urbana que São José dos Campos pretende se inserir a partir do fim de 2024. Barbosa disse ao portal que estudos feitos para a realidade de São Paulo mostram que com a atual rede de baixa e média tensão, que é a maioria na capital paulista, bairros com garagens com 50 ônibus do tipo padron ou 30 articulados, podem ficar sem energia caso estes veículos sejam carregados ao mesmo tempo.

Atualmente, São José dos Campos tem três garagens com mais veículos do que o número citado por Barbosa. Na futura frota e de acordo com a licitação da Prefeitura são 400 ônibus elétricos. “Tem de se preocupar e muito com essa questão. Para que se tenha mais de 50 ônibus elétricos, seja padron ou básico, ou de 25 a 30 ônibus articulados, precisa de uma infraestrutura que contemple uma rede de alta tensão, ou seja, capacidade de fornecimento de até 200 mil volts. Precisa também de uma subestação. Isso significa que em alguns casos, terão de ser gerados investimentos entre R$ 45 milhões e R$ 50 milhões [por localização das garagens].” – disse o executivo.

Ele ainda afirmou que esta questão da rede de distribuição precisa ter avanços para que a para que a cidade (no caso São Paulo) comporte a meta de ônibus elétricos, caso contrário, pode nem ter transporte e nem ter luz para as pessoas.

“Essa é uma preocupação que o município de São Paulo precisa ter, levar em consideração para poder implementar os 2,6 mil ônibus elétricos. Pode haver uma queda de tensão na região e não será possível nem operar os ônibus e impactar o fornecimento nas regiões ao lado da garagem. Sistema de baixa tensão
e de média tensão, que são a maior parte em nosso município, esses contemplam até 50 carros [ônibus] básico ou padrão, ou aproximadamente entre 20 e 30 articulados. Mais do que isso, precisa se preocupar seriamente com a infraestrutura” – completou.

Resta saber se na realidade operacional de São José dos Campos será possível e viável escalonar ônibus para carregar, uma vez que a carga completa de um veículos como esse dura entre três e quatro horas.

o que diz o prefeito

Veja o vídeo do prefeito em resposta a um seguidor pelas redes sociais sobre o tema.

*Foto de Capa: Claudio Vieira/PMSJC

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