Entenda o boicote ao Carrefour

O Carrefour, uma das maiores redes varejistas do Brasil, está enfrentando um boicote que envolve frigoríficos, entidades empresariais e o governo brasileiro. A controvérsia foi desencadeada após declarações do CEO global do grupo, Alexandre Bompard, que afirmou que a companhia não comercializaria carne proveniente do Mercosul em suas unidades na França, em solidariedade aos fazendeiros franceses. CLIQUE AQUI E ENTRE NO NOSSO CANAL DO WHATSAPP E RECEBA AS NOTÍCIAS EM PRIMEIRA MÃO

A decisão, que atinge países como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, foi justificada pelo executivo como uma medida para evitar a “inundação do mercado francês” com carne que, segundo ele, não atenderia aos padrões exigidos. A declaração gerou fortes reações no Brasil, envolvendo frigoríficos, associações do setor, o Ministério da Agricultura e outras entidades.

Frigoríficos suspendem fornecimento em Boicote ao Carrefour

Entre as reações mais significativas, frigoríficos brasileiros como JBS, Marfrig e Masterboi interromperam o fornecimento de carne para as lojas do Carrefour no Brasil. Estima-se que cerca de 50 caminhões com carne foram suspensos no início da tarde de sábado (23/11), afetando aproximadamente 150 lojas do grupo no país. Fontes do setor alertam que o desabastecimento pode ser total em até três dias, caso o boicote continue.

Apesar das alegações de interrupção no fornecimento, o Carrefour classificou as informações como “improcedentes” e garantiu, em nota oficial, que não há desabastecimento de carne em suas lojas no Brasil.

Resposta do governo brasileiro

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) emitiu uma nota oficial criticando a postura do Carrefour. A pasta destacou a qualidade reconhecida internacionalmente da carne brasileira e rechaçou as alegações feitas por Bompard. “Não aceitaremos tentativas de desmerecer a qualidade dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais que o país mantém”, afirmou o Mapa.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi além e sugeriu que as ações do Carrefour fazem parte de uma “ação orquestrada” por empresas francesas para pressionar contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.

Entidades empresariais aderem ao boicote ao Carrefour

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou seus 500 mil associados a boicotarem a rede Carrefour, incluindo as unidades do Atacadão e Sam’s Club, até que o grupo reveja sua decisão. A entidade classificou a postura do Carrefour como “protecionista” e “desrespeitosa”, destacando que a carne brasileira é reconhecida globalmente por sua qualidade.

O diretor-executivo da Fhoresp, Edson Pinto, reforçou a importância do movimento: “Somos mais de 500 mil empresas apenas no estado de São Paulo que deixarão de comprar do Carrefour enquanto ele insistir em desqualificar nossa carne, questionando uma qualidade comprovada globalmente.”

Outras repercussões

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) chamou a decisão do Carrefour de “contraditória” e reforçou que as lojas do grupo no Brasil comercializam, majoritariamente, carne nacional. JBS e Marfrig, citadas no boicote, optaram por não comentar a situação.

Na França, outras redes varejistas também aderiram à decisão de não vender carne do Mercosul, como o grupo Les Mousquetaires, dono das redes Intermarché e Netto.

Impactos econômicos

A controvérsia ocorre em um momento em que o Brasil celebra recordes na exportação de carne bovina. Em setembro, o país exportou mais de 286 mil toneladas, gerando um faturamento de US$ 1,258 bilhão. A decisão do Carrefour, portanto, é vista como um ataque direto à cadeia produtiva brasileira.

O caso segue gerando desdobramentos, com possibilidade de novas adesões ao boicote contra o Carrefour, enquanto o setor produtivo e o governo brasileiro buscam medidas para mitigar os impactos dessa controvérsia internacional.

boicote ao Carrefour — Foto: Carrefour (Divulgação)

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